Grande parte dos artigos postados nesse blog, foram copiados do blog Manjar Celestial do Mario Persona.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

3ª Carta sobre o Espírito Santo Operando na Igreja - W. Trotter

3ª carta
COMO SE PODE DISCERNIR A DIREÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NA IGREJA [assembléia]
( MARCAS NEGATIVAS )

Amados irmãos,
Há dois pontos sobre os quais desejaria fazer-me compreender claramente, antes de abordar o assunto principal desta carta. Em primeiro lugar a diferença que existe entre o ministério e o culto. E tomo aqui a palavra culto no seu sentido mais amplo, designando as diferentes maneiras que o homem tem de se dirigir a Deus: A oração, a confissão e o culto propriamente dito, isto é, a adoração, a ação de graças e o louvor.
A diferença essencial entre o ministério e o culto é que no último o homem fala a Deus e no primeiro é Deus que fala aos homens por intermédio dos Seus servos. O nosso único direito, mas plenamente suficiente, para podermos prestar-Lhe culto é aquela superabundante graça de Deus, a qual de tal modo nos tem aproximado pelo sangue de Jesus, que agora conhecemos e adoramos a Deus como nosso Pai, sendo reis e sacerdotes para nosso Deus! A este respeito, todos os santos são iguais: o mais fraco e o mais forte, aquele que tem mais experiência e aquele que não passa ainda de uma criança. Todos participam igualmente desse privilégio. O mais dotado dos servos de Cristo não tem mais direito de se aproximar de Deus do que o mais ignorante dos santos, entre os quais ele exerce o seu ministério. Admitir o contrário seria atuar como muito frequentemente se tem feito em toda a cristandade: Instituir na Igreja de Deus uma ordem de sacerdotes ou de padres, transformando-a desse modo em instituição humana.
Nós temos um grande Sumo Sacerdote. E o único sacerdócio que existe atualmente ao lado do Seu é o sacerdócio que todos os santos compartilham e que compartilham todos por igual. Por isso não poderia supor que, numa assembléia de cristãos, aqueles que Deus qualificou para ensinar, para exortar ou para pregar o Evangelho fossem os únicos chamados para indicarem os hinos, orarem e louvarem a Deus e a renderem-Lhe graças (quero dizer a expressão de ação de graças, de louvor, etc.). É possível que Deus se sirva de outros irmãos ou para indicar um hino que seja a verdadeira expressão de adoração da assembléia ou para exprimir, nas orações, os desejos reais e as verdadeiras necessidades daqueles de quem afirmam ser porta-vozes. E se Deus apraz agir deste modo, quem somos nós para nos opormos à Sua vontade? Todavia, lembremo-nos bem de que, se estes atos de culto não podem ser privilégio exclusivo daqueles que têm dons espirituais já reconhecidos, é necessário que estejam todos subordinados à direção do Espírito Santo e que sejam todos regidos pelos princípios contidos em 1 Coríntios 14, segundo os quais todas as coisas devem ser feitas com ordem e para edificação espiritual.
O ministério (quer dizer, o ministério da Palavra, na qual Deus fala aos homens, por intermédio dos Seus servos) é o resultado do depósito especial, no salvo, de um ou vários dons, cujo uso ele é responsável perante Cristo. É em nosso direito de prestar culto a Deus que somos todos iguais; é na responsabilidade do ministério que diferimos, “tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada... “ (Rm 12:6). Esta passagem das escrituras estabelece, naturalmente, a diferença de que acabo de falar, entre o ministério e o culto.
O segundo ponto é a liberdade do ministério. O verdadeiro conceito, a ideia da liberdade do ministério que a Escritura nos dá, não compreende somente a liberdade no exercício dos dons, mas também no seu desenvolvimento. Implica que reconheçamos nas nossas assembléias a presença e a ação do Espírito Santo de tal modo que não levantemos nenhum obstáculo a essa ação, levada a cabo por quem Ele quiser. É, portanto, perfeitamente claro que os primeiros sinais de um dom devem ser resultado da ação livre do Espírito Santo, começando a atuar por intermédio de irmãos a quem não utilizava anteriormente. Parece-me que todo princípio contrário seria igualmente ofensivo aos privilégios da Igreja e dos direitos do Senhor. Assim fica evidente que, se os filhos de Deus se reúnem sobre um princípio que deixa ao Espírito Santo a liberdade de operar, por meio de um certo irmão, para indicar um cântico; por meio de outro irmão, para orar; por meio de um terceiro, para dar uma palavra de exortação ou um ensinamento – e se também o Espírito Santo deve ficar livre para desenvolver os dons para a edificação do Corpo (a Igreja) -, fica, pois, evidente que este princípio sadio se corromperá ante a precipitação e a atuação forçada dos dons sem a devida subordinação ao Espírito. Daí a importância de se saber distinguir entre o que é da carne e o que é do Espírito Santo. Repudio o abuso que tão frequentemente se faz de expressões como: o ministério da carne e “o ministério do Espírito Santo” . No entanto, elas encerram uma verdade muito importante, quando empregadas com inteiro rigor.
Cada cristão tem dentro de si duas fontes de pensamentos, de sentimentos, de motivos, de palavras e de ações, e essas duas fontes são chamadas, nas Escrituras, “a carne” e o “Espírito Santo”. A nossa ação, nas assembléias dos santos, pode provir de uma ou de outra dessas fontes. É, pois, de suma importância saber distingui-las bem. É muito importante para aqueles que atuam nas assembléias, seja habitual ou ocasionalmente, julgarem-se ou examinarem-se a si próprios a tal respeito. É algo de essencial para todos os santos, pois somos exortados a “provar os espíritos”, o que pode, por vezes, colocar a assembléia sob a responsabilidade de reconhecer o que é de Deus, e de assinalar e repelir o que proceder de outra fonte.
É sobre algumas das principais provas, que nos ajudarão a distinguir a direção do Espírito Santo das pretensões e das falsificações da carne, que eu queria agora chamar a vossa atenção. Em primeiro lugar queria mencionar várias coisas que não constituem, em si, um motivo para participarmos na direção das assembléias dos santos:
1)      Não estamos autorizados a atuar, pelo simples fato de haver liberdade para fazê-lo. E isto é tão evidente que não haveria a menor necessidade de demonstrá-lo – mas, no entanto, é útil que nos lembremos! Devido ao fato de nenhum obstáculo formal se opor a que qualquer irmão opere na assembléia, há possibilidade de alguns cuja única capacidade é a de saberem ler, tomarem uma grande parte do tempo, lendo capítulo após capítulo ou indicando hino após hino. Ora, qualquer menino que tivesse aprendido a ler poderia fazer o mesmo. Assim, em boa verdade, poucos irmãos dentre nós seriam incapazes de dirigir as assembléias, se a única capacidade requerida consistisse em saber ler devidamente hinos e capítulos das Escrituras. É relativamente fácil ler um capítulo. Mas discernir o que convém ler e o momento apropriado para tal já é algo muito diferente. Também não é difícil indicar um hino, mas indicar um que encerre e expresse realmente a adoração da assembléia, é impossível sem a direção do Espírito Santo. Confesso-vos, irmãos, que, já há algum tempo (não recentemente graças a Deus!), quando tínhamos lido cinco ou seis capítulos e cantado outros tantos hinos em redor da mesa do Senhor, e orado ou dado graças talvez uma única vez, perguntei a mim mesmo se nos tínhamos reunido para anunciar a morte do Senhor ou antes para nos aperfeiçoarmos na leitura e no canto. Dou sinceramente graças a Deus pelos progressos que houve nesse campo nos últimos meses. Todavia, será bom lembrarmo-nos continuamente de que a liberdade de atuar nas assembléias não nos autoria a agir a nosso bel-prazer.
2)      Não estamos suficientemente autorizados a atuar em determinado momento, apenas porque nenhum outro irmão o faz. Deve evitar-se o silêncio apenas pelo silêncio. Este pode dar a impressão de haver uma maior reverência, mas acaba sempre por se transformar em mera rotina. Todavia, e apesar de tudo, deve haver antes silêncio do que dizer ou fazer qualquer coisa apenas para o interromper. Bem sei o que significa pensarmos nas pessoas presentes, que não são da assembléia e talvez nem mesmo sejam convertidas, e sentirmo-nos mal com um prolongado silêncio por causa delas. Quando um tal estado de espírito é em nós frequente ou mesmo habitual, pode ser que seja um sério chamamento de Deus, para averiguarmos de onde ele provém. No entanto, isso nunca poderá autorizar um irmão a falar, a orar ou a indicar um hino, com o mero propósito de que se faça alguma coisa.
3)      Além disso, as nossas experiências e o nosso estado de espírito individual não são guias ou normas seguros quanto à ação que podemos tomar nas assembléias dos santos. Pode ser que um hino tenha sido de uma grande doçura para a minha alma, ou que o tenha ouvido cantar algumas vezes com grande prazer diante do Senhor. Mas bastará isso para se concluir que sou chamado a indicar esse hino na primeira reunião a que assistir? É possível que ele não tenha a menor relação com o estado de espírito atual da assembléia. Pode até suceder que a intenção do Espírito seja a de não se cantar absolutamente nada. “Esta alguém entre vós aflito? Ore. Está alguém contente? Cante louvores” (Tg 5:13). Um hino deve expressar os sentimentos daqueles que estão reunidos. De outro modo, ao cantá-lo, eles não serão sinceros . E quem poderá indicar um hino, senão Aquele que conhece o estado de espírito atual da assembléia? E o mesmo se dá quanto à oração: Se alguém ora na assembléia, atua como porta-voz das súplicas e da expressão de todos. Ora, por meio de oração eu posso aliviar-me diante do Senhor de pesos e de cargas que são particularmente meus e que de maneira nenhuma convém mencionar na assembléia. Se o fizesse, o único efeito seria, provavelmente, rebaixar todos os meus irmãos ao mesmo nível em que eu me encontrar. Por outro lado, é possível que a minha alma esteja perfeitamente feliz no Senhor. Mas, se não ocorre o mesmo com a assembléia, é identificando-me unicamente com o seu estado de espírito que poderei apresentar os seus rogos e súplicas a Deus. Isto que dizer que, se sou dirigido pelo Espírito Santo a orar na assembléia, a minha oração não deverá ser como aquela que faço no meu quarto, onde ninguém mais se encontra além do Senhor e eu, e onde tanto as minhas próprias necessidades como as minhas alegrias pessoais formam o assunto especial das minhas preces e das minhas próprias necessidades como as minhas alegrias pessoais formam o assunto especial das minhas preces e das minhas ações de graças. Na assembléia é necessário que eu possa confessar ao Senhor e apresentar-Lhe as ações de graças e as súplicas que concordam com o estado de alma daqueles por quem venho a ser porta-voz, ao dirigir-me a Deus em nome de todos.

Um dos maiores equívocos que podemos cometer é o de imaginarmos que o EU e o que se refere ao EU (isto é, as nossas impressões e experiências pessoais) devam guiar-nos na direção das assembléias dos santos. Uma determinada porção das escrituras pode ter um elevadíssimo interesse para a minha alma e ainda ter me edificado muito, mas isso não é motivo para que deva lê-la à mesa do Senhor ou em outras reuniões dos santos.
Também pode acontecer que algum assunto particular me ocupe ou me preocupe, e que seja para o bem da minha alma; mas pode suceder, ao mesmo tempo, que não seja nada relevante se comparado ao assunto com que Deus quer chamar a atenção dos santos em geral.
Notai, porém, que não nego que poderíamos ter estado pessoal e especialmente ocupados de assuntos que Deus até gostaria que partilhássemos com os santos. Talvez isso até se verifique com certa constância entre os servos de Deus. Mas o que eu não receio afirmar é que, em si mesmo, o fato de que nos tenhamos ocupado desse modo não é uma indicação suficientemente segura. Podemos sentir necessidades que os filhos de Deus em geral não sentem, e, de igual modo, as suas necessidades podem não ser as nossas necessidades.
Permiti-me acrescentar que o Espírito Santo nunca me levará a indicar hinos, apenas porque eles expressam as minhas opiniões particulares. Pode suceder que, sobre certos pontos de interpretação, os santos que se reúnem numa assembléia não estejam inteiramente de acordo. Nesse caso, se alguns dentre eles escolhem hinos com o fim de expressarem a sua própria opinião (por muito bons e verdadeiros que esses hinos sejam), é impossível que os outros salvos presentes na assembléia os cantem com agrado. E então, em lugar de harmonia, há desacordo. Numa reunião de culto, os hinos que o Espírito Santo de Deus fará escolher serão a expressão exata dos sentimentos comum a todos. Sempre, e especialmente na assembléia, esforcemo-nos em “guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz”. E lembremo-nos de que o meio de alcançá-la é andarmos “com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor”.
Deixai-me lembrar-vos ainda de que, tanto no canto como na oração ou no culto, numa palavra, qualquer que possa ser o porta-voz da assembléia, é a assembléia que fala a Deus. Por conseguinte, o culto só será verdadeiro, sincero, na medida em que, não indo mais além, expresse fielmente o estado de alma dessa assembléia. E Bendito seja Deus porque Ele pode, pelo Seu Espírito Santo, imprimir uma nota mais alta (e Ele o faz muitas vezes) que vibre imediatamente em todos os corações, conferindo assim ao culto um espírito mais elevado. Mas se a assembléia não está em condições de responder imediatamente a esse diapasão de louvor, nada pode ser mais penoso do que ouvir irmão expandir-se em vibrantes acentos de ações de graças e de adoração, enquanto que os outros corações estão tristes, frios e distraídos. Aquele que expressa o culto da assembléia. De outro modo, tudo ali soará falso.
Por outro lado, uma vez que é Deus que nos fala no ministério, este não está, como o culto, limitado pelo nosso estado de alma. Pode estar sempre num nível mais elevado. Se ao falar, um irmão empregado no ministério é, realmente, um instrumento nas mãos de Deus, como deve ser, e por cuja boca o Senhor nos fala, será para nos apresentar verdades que nós não tenhamos recebido; ou para nos fazer recordar de outras que tenham deixado de atuar poderosamente sobre as nossas almas. Mas quão evidente é que, em ambos os casos (em todos os casos) é preciso que seja sempre o Espírito Santo de Deus a dirigir.
Acho melhor deixar para outra carta o que caracteriza a direção positiva do Espírito Santo. Até aqui só apresentei a parte negativa do tema. Portanto, amados irmãos, encerro.
Vosso muito dedicado em Cristo, W. Trotter

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